domingo, 2 de dezembro de 2012

FIGURAS FOLCLÓRICAS II...
           CACULÉ - O HOMEM DO RAPÉ


CACULÉ VENDENDO BUGIGANGAS

As impressões das lentes e do Microfone empunhados por Volney Menezes puderam eternizar um fragmento da oralidade de um dos personagens mais conhecidos das ruas de Feira de Santana.
Estamos falando de José Pergentino da Silva, ou simplesmente Caculé como foi apelidado desde a adolescência, dada a referência de local de nascimento de Waldick Soriano, cantor romântico da música brasileira e o preferido desse personagem.
Com cinco minutos de duração, essa peça audiovisual fora produzida para concorrer no Festival Nacional Imagem em 5 Minutos que acontecerá em novembro na DIMAS – Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia.
No curta Caculé dispara sua metralhadora vocal a contar casos e causos do cotidiano da vida feirense. Sem papas na língua desenvolve um jeito peculiar de questionar a imponderabilidade das ações de homens da política dando sempre alfinetadas naqueles que consideram desrespeitosos e corruptos na condução dos destinos da nação. 
Ele conta que salvou a vida de uma criança que engasgara com um caroço. O rapé fez com que o menino expelisse a semente.
Questões espirituais fazem parte do repertório desse conversador nato.
Quando em um “dedo prosa” com um homem letrado, médico e ateu estava a argüir sobre o porquê do doutor não acreditar em Deus. Como seria possível uma mulher carregar “um molho de osso” dentro de uma barriga nove meses, asseverara Caculé. “O homem sem Deus ele não é nada não. Ele é um furto”.
Muitas outras histórias poderiam ser registradas. Aí seria um banquete da oralidade e faríamos um longa-metragem.
A escuta sensível da alteridade é o pressuposto que nos permite deixar que o entrevistado externe sua visão de mundo a partir de verdades do seu repertório de conhecimentos. Não estamos buscando uma verdade convencionada tida como acabada acerca dos fatos, e, sim,  compreender o universo das leituras literais, simbólicas que estão no arcabouço consciente e inconsciente do ser, afirma Volney Menezes.   
A atividade em registrar memórias (banco de dados) é um exercício valioso para a história local, pois, deverá sempre revelar aspectos da vida pública e privada confrontando-os, por assim dizer, com a produção acadêmica e com outros olhares oriundos do próprio povo num sentido mais amplo.
No caso do ofício do documentarista a construção da lógica narrativa do filme, muitas vezes não obedece a uma estruturação de causa e efeito na dramaticidade do cinema de ficção dentro de um esboço aristotélico (uma história de começo, meio e fim).
Um filme documentário está aberto a adendos. Muitos documentaristas se servem de enorme banco de imagens para, depois de consultas e análises exaustivas, decidirem recortar aqueles fragmentos que julga importante. É na montagem que verdadeiramente o documentário se constitui enquanto discurso.
AUTORIA: Por Volney Menezes – Documentarista - Graduado em História pela UEFS e Pós-graduado em Potenciais da Imagem UFBA
FONTE:  www.vivafeira.com.br

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